O que falta para a Agricultura deslanchar? Dados!​

Segundo Ranveer Chandra, cientista-chefe global da Azure, a agricultura ainda é a área que mais resiste na aplicação de algumas tecnologias, como Big Data, Internet das Coisas (IoT) e Inteligência Artificial.

“Um estudo mostra que, entre 23 setores, a agricultura está na última posição em termos de transformação digital. Conexão é o maior desafio do agronegócio. Precisamos desses dados para fazer uso das tecnologias disponíveis” disse à Época Negócios.

Chandra ainda comentou sobre as dificuldades de aplicar novas tecnologias no campo, e sobre como os dados devem mudar a agricultura do futuro. Para ele, a alimentação é um dos grandes problemas da humanidade e precisa ser pensado desde já:

“Até 2050, a produção precisa aumentar em 70%, para sermos capazes de alimentar a população mundial. Não só precisamos ser mais produtivos, mas também criar alimentos mais nutritivos e sustentáveis. O único caminho que vejo é por meio dos dados. Muito do trabalho feito na agricultura hoje toma como base apenas a experiência dos agricultores. Se combinarmos esse conhecimento com dados, poderemos desenvolver algoritmos de IA que tornem o agronegócio mais produtivo. Um campo mais conectado não só fornece dados para o agora, mas ajuda a criar previsões mais efetivas para o futuro”

A tecnologia é também fundamental quando o assunto é sustentabilidade, pois uma agricultura mais precisa evita desperdícios. Por exemplo, ao mapear uma fazenda, é possível mensurar a umidade, PH, temperatura e nutrientes do solo, de tal forma que o agricultor passa a aplicar a quantidade exata de água, fertilizantes e pesticidas necessários para cada região da fazenda. Com isso, aumenta-se o rendimento e se reduzem o impacto ambiental e o custo.

Leia também:
Agricultura 4.0 cria novos modelos de negócios

Na entrevista, Chandra ainda deu sua opinião sobre o quadro da agricultura no Brasil. Ele afirma que, como o restante do mundo, o país precisa se transformar para alcançar o próximo estágio.

“O movimento tem sido lento. Muitos países estão usando satélites para recolher dados sobre o agronegócio. Mas essa opção não é acessível e por isso não pode ser aplicada em larga escala. Os governos precisam subsidiar a tecnologia, da mesma forma que fazem com fertilizantes e agricultura. Os órgãos públicos já entendem que esses produtos são necessários para a produtividade do agricultor, mas não perceberam que os dados precisam ser colocados no mesmo pacote”

Por fim, ele ainda diz que para as novas tecnologias serem efetivamente escaladas, independente das diferenças entre as fazendas e suas regiões, é imprescindível que se estruturem mais parcerias. É importante unir aqueles que detenham a tecnologia às empresas que já tenham relacionamento com os agricultores.

Leia a reportagem na íntegra clicando aqui