De que maneiras a queda no preço dos sensores de IoT impacta a Indústria 4.0?

A Forrester Research já havia dito que as atividades de rastreamento de estoque e gestão da cadeia de suprimentos experimentariam os maiores investimentos em Internet das Coisas, entre 2017 e 2023. Há poucos dias, em outro relatório, a empresa afirmou que as manufaturas estão tirando cada vez mais proveito da tecnologia, sobretudo devido à queda no preço dos sensores de IoT.

Segundo o “2019 Manufacturing Trends” da Microsoft, o preço médio dos sensores caiu de US$1.30, em 2004, para US$0.44, em 2018. Até o ano que vem, segundo as projeções, o valor médio deve alcançar US$0.38. Esse decréscimo está diretamente ligado à expansão dos devices IoT ao redor do mundo. A Microsoft acredita que em dois anos eles devem ser ao menos 36 bilhões, ou seja, quase 5 vezes a população mundial.

preço médio dos sensores de IoT
Fonte: Microsoft

A queda no preço dos sensores de IoT bem como o incremento na oferta de novas tecnologias de rede e conectividade são dois fatores importantes para explicar o aumento dos projetos de Internet das Coisas entre as manufaturas. Ao buscarem ingressar no universo da Indústria 4.0, essas empresas estão descobrindo possibilidades ilimitadas para elevar a eficiência dos processos produtivos, além de uma formatação inédita ao longo de toda a cadeia de valor na qual estão inseridas.

Mais do que isso, o uso da IoT tem possibilitado até mesmo novos modelos de negócios. Um deles, o Product as a Service (PaaS), permite que as fábricas, no lugar de investirem pesadamente na aquisição de um equipamento caro, possam pagar apenas por um determinado número de vezes em que farão uso dele, algo semelhante a um contrato de leasing.

Esse formato só é viável graças à aplicação dos sensores de IoT, que conseguem mensurar em tempo real o padrão de uso das máquinas, de tal forma a garantir a precificação exata. Essa nova dinâmica também tem sido cada vez mais empregada com os robôs, dando origem a expressão “Robotics as a Service” – RaaS.

Sensores de IoT diminuem custos logísticos

Uma outra importante aplicação viabilizada pela diminuição dos custos dos sensores de IoT envolve a recuperação de ativos de logística.

A Forrester destacou no relatório os altos custos de caixas, tanques, engradados, caixotes, e outros itens que são comumente utilizados para o deslocamento de matérias-primas, produtos intermediários e finais. Por ser difícil trazê-los de volta às empresas para serem reutilizados, eles são muitas vezes abandonados, o que é bastante desinteressante em termos financeiros, além de ser nada sustentável.

Com a implantação de dispositivos IoT de fácil rastreabilidade, a localização desses ativos fica muito mais simples, impactando positivamente os custos logísticos.

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A comunicação entre fabricantes e fornecedores também está sendo incrementada com as novas tecnologias. Ao otimizar máquinas inteligentes com o uso de sensores de IoT, as manufaturas estão experimentando uma dinâmica de manutenção preditiva jamais vista.

Os fornecedores de peças de reposição podem acompanhar em tempo real o desempenho das máquinas e obter relatórios inteligentes de performance, que indicam o momento certo para que os ajustes sejam feitos antes de qualquer dano.

“Hoje, as máquinas inteligentes otimizadas por dados podem receber informações de uma ampla gama de fontes – desde dados de pedidos de clientes até dados de produção – e viabilizar uma fabricação mais ágil, mais eficiente, além de proporcionar maior visibilidade do desempenho operacional”, escreveu a Microsoft em seu relatório.

No Brasil, um recente estudo da CNI mostrou que 73% das indústrias de grande porte já adotam tecnologias 4.0, embora muitas delas em fase inicial. A diminuição no preço dos sensores de IoT, a propagação da infraestrutura de conectividade pelo país e as infinitas aplicações práticas da Internet das Coisas certamente serão importantes estímulos para que a transformação digital tome rapidamente conta das fábricas brasileiras nos próximos anos.

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