Do purgatório de pilotos ao roll-out de projetos: como escalar resultados?
Em recente publicação, a consultoria McKinsey discute sobre o “purgatório de pilotos”. Essa foi a expressão usada para se referir às empresas que ainda não conseguiram experimentar todo o potencial das tecnologias 4.0.
Seja pela dificuldade em estabelecer estratégias claras de valor de negócio, pela falta de recursos, ou mesmo por estarem perdidas em meio a inúmeros projetos de teste simultâneos, as companhias presas no chamado “purgatório de pilotos” ainda são maioria. Dados recentes mostram que ao menos 70% das empresas que já deram um passo rumo à transformação digital ainda não conseguiram escalar os resultados de forma satisfatória.

Entre as principais razões que explicam esse “aprisionamento”, a McKinsey aponta que muito foco tem sido dado ao potencial transformador da indústria 4.0, sem o devido mapeamento das principais áreas em que esse impacto seja verdadeiramente aplicável. Além disso, os aspectos de governança e a ancoragem organizacional ainda permanecem conservadores demais frente à uma realidade em constante mudança.

Mas afinal, como escalar resultados?
Segundo um relatório do Fórum Econômico Mundial, a indústria 4.0 deve gerar ao menos US$ 3.7 trilhões em valor ao longo da cadeia produtiva manufatureira, até 2025.
Mas, para isso se transformar em realidade, não basta que a produção científica e tecnológica marche a passos largos: as companhias também precisam se mobilizar, repensar rotinas e redesenhar suas estratégias. Afinal, a inovação só se torna escalável quando encontra um ambiente receptível à mudança.
A McKinsey — embasada em dezenas de pesquisas que tem produzido nos últimos anos — enumera três princípios estruturais que, caso seguidos pelas empresas, levariam a resultados verdadeiramente escaláveis, afastando-as do tão temido “purgatório de pilotos”. São eles:
1. Focar nos fatores-chaves de VALOR:
Antes de se pensar em como ocorrerá a implementação de uma determinada tecnologia aos processos já existentes da empresa, é preciso determinar, com o máximo de exatidão e realismo possíveis, qual o valor esperado a partir dela.
Por sinal, essa clareza em relação aos fatores-chaves de valor é um dos principais aspectos que permitem acelerar o retorno sobre investimento (ROI) dos projetos. A ideia é entender, primeiramente, o contexto interno da empresa e aonde o corpo diretivo pretende chegar com os novos investimentos em tecnologia. Somente então parte-se para fora, em busca dos melhores fornecedores que possam agregar valor à iniciativa. No geral, as empresas que fizeram o caminho inverso não obtiveram grandes resultados.
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Por isso é tão importante situar a inovação dentro dos ganhos econômicos a serem obtidos com a resolução do problema. Caso contrário, fica-se restrito ao ambiente controlado dos pilotos, sem possibilidades reais de expansão.
2. Ferramentas, sozinhas, não resolvem problemas. É preciso focar nas PESSOAS:
Como visto, a transformação digital não acontece apenas de fora para dentro. Sem uma redefinição clara de valores e o alinhamento estratégico da empresa ao longo de todas as camadas de colaboradores, dificilmente os resultados almejados serão atingidos.
A capacitação profissional e o engajamento diante das soluções 4.0 devem se estender de forma transversal. O desafio, claro, não é simples, mas essencial para que seja criada um cultura sustentável de novas habilidades, capaz de gerar benefícios duradouros e verdadeiramente expressivos.
Para tanto, a conscientização deve começar ainda nas camadas mais altas. Afinal, sem uma direção clara e objetiva, dificilmente será possível conseguir o suporte executivo e operacional tão necessários para a correta implementação das soluções.
A análise de cases de sucesso reais é uma excelente maneira para fomentar esse desejo de mudança dentro das empresas. Como visto no gráfico abaixo, esse exercício é um dos fatores que diferenciam as organizações que alcançaram resultados escaláveis, daquelas que ainda permanecem presas aos pilotos.

Isso posto, é muito importante garantir que a velocidade dessa “onda transformadora” não diminua ao longo de toda a empresa. Afinal, sem uma clara percepção do valor embutido na inovação, fica difícil “convencer” o time de que aquele esforço a mais valerá a pena.
A identificação de lacunas — sejam elas relacionadas à necessidade de aprimorar habilidades específicas, encontrar tecnologias de suporte, buscar novos profissionais e fornecedores qualificados e até mesmo mais recursos — é um outro aspecto necessário para garantir o fluxo da transformação.
Entretanto, o maior desafio dessa etapa não se limita ao preenchimento dos espaços vazios propriamente ditos. A grande dificuldade reside na capacidade de contextualizar essas lacunas ao cenário macro que envolve a empresa, de forma estruturada e estratégica. Afinal, se as iniciativas não forem institucionalizadas, acabarão soltas, sem qualquer potencial de expansão.
3. Mudanças de infraestrutura em nível LOCAL precedem resultados GLOBAIS
Qualquer indústria que busque atingir sua versão 4.0 precisa estar disposta a passar por uma transformação, tanto na infraestrutura de TI quanto nas tecnologias de automação.
Primeiramente, é importante fazer um mapeamento claro do status atual da empresa. Na sequência, deve-se delimitar qual padrão de arquitetura se pretende atingir. Com isso traçado, o próximo passo é mapear todos os esforços necessários para efetivar as mudanças almejadas. Essas etapas são importantes para estruturar um ambiente satisfatório, que consiga capturar e expandir todo o valor proposto pelas tecnologias 4.0.
Com isso estabelecido em nível local, aí sim faz sentido olhar para as diferentes unidades fabris, sistemas e processos que deverão ser integrados. O próximo passo é fazer a análise dos dados gerados a partir dessas integrações, que servirão de substrato para insights e ajustes.
Quando esse mecanismo de inteligência finalmente operar de forma autônoma e sustentável, então estaremos diante do cenário ideal para escalar os resultados e, finalmente, deixar para trás o “purgatório de pilotos”.
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