IoT e sustentabilidade: inovação de mãos dadas com o meio ambiente
IoT e sustentabilidade estão mais próximas do que nunca. Com metas globais cada vez mais exigentes em relação ao meio ambiente e uma sociedade de consumo consciente e engajada, as empresas encontram na inovação uma forte aliada para unir desenvolvimento e responsabilidade socioambiental.
Nos últimos anos, muitas corporações estabeleceram como meta o fomento a iniciativas que reduzam o uso indiscriminado de recursos naturais, com vistas a diminuir a chamada pegada ambiental. Atualmente, considera-se como sustentável aquela empresa que não produz resíduos desnecessários e que consome menos recursos do que é capaz de gerar.
Para cumprir essas metas, um olhar mais atento às novas tecnologias disponíveis no mercado possibilitou resolver impasses que, até pouco, eram tidos como insolúveis ou incompatíveis com os negócios.
Como a IoT pode tornar uma empresa sustentável?
A Internet das Coisas (IoT) oferece uma série de possibilidades para que as empresas ajustem seus processos aos mais modernos padrões de sustentabilidade.
Em 2018, o Fórum Econômico Mundial publicou um documento (Internet of Things Guidelines for Sustainability) no qual 643 aplicações de IoT foram analisadas. Ao menos 84% delas estariam em concordância com os objetivos da ONU ligados ao desenvolvimento sustentável.

Esse documento corroborou a ideia de que a inovação, mais do que necessária, é imprescindível para que as metas globais em prol do meio ambiente sejam atingidas. E, para tanto, será fundamental a adesão e o engajamento das empresas, cujos investimentos poderão finalmente aproximar IoT e sustentabilidade na prática.
Até 2050, a população deve crescer em 3 bilhões
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) publicou um estudo falando sobre as megatendências dos próximos 50 anos, em relação a questões políticas, ambientais, sociais e econômicas. As previsões, infelizmente, não parecem muito animadoras, sobretudo se uma rápida mudança na conduta ambiental não estiver no radar dos governos e empresas.
Segundo a OECD, em 2050, o mundo contará com mais 3 bilhões de pessoas. Por conta disso, não é surpresa que o meio ambiente será sobrecarregado a níveis quase insustentáveis.
Se nada for feito a tempo, a ascensão do consumo de água e combustíveis, das zonas de plantação e pecuária, da poluição do ar e de uma série de outras questões deve ocasionar prejuízos irreversíveis à natureza e às sociedades. Somente em relação à demanda por água, o estudo indica aumento de 50% para uso social e 400% para o manufatureiro, tomando-se como base os dados do ano 2000. No que tange ao consumo de eletricidade, esperam-se 140% de aumento na demanda.
Esses breves dados já estimulam muitos centros de pesquisa, governos e empresas mais engajadas a entenderem na IoT não apenas uma maneira de elevar a produção e otimizar processos — tornando-os financeiramente mais atrativos —, mas sobretudo uma enorme oportunidade de agregar valor à causa ambiental.
As tecnologias limpas (CleanTech) são a grande tendência para os próximos anos e, embora 2050 ainda pareça distante, os efeitos danosos ao meio ambiente são cumulativos e sua recuperação ocorre de maneira muito mais lenta que seu prejuízo.
Agricultura: responsável por 70% do consumo de água mundial
A agricultura é certamente um dos setores em que IoT e sustentabilidade têm maior potencial de sinergia. Dados da ONG World WildLife Fund (WWF) mostram que 70% de toda a água consumida no mundo provêm da agropecuária, mais que o dobro necessário para as atividades manufatureiras e civis. Muitas áreas de cultivo ainda não contam com sistemas inteligentes de irrigação, nem são capazes de identificar vazamentos de água.
As soluções de IoT já se provaram fortes aliadas para a resolução desses problemas. A tecnologia permite integrar, entre outros, sensores de umidade que avaliam o exato momento para que todo o sistema de irrigação seja acionado. Além disso, ela permite averiguar em tempo real o consumo de água nas lavouras, detectando qualquer vazamento ou fraude que sobrecarregue o abastecimento.
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O armazenamento e o transporte dos alimentos também estão intimamente ligados a um dos grandes problemas da atualidade: o aquecimento global. Pesquisas da ONU indicam que ao menos 1/3 da produção agrícola mundial é danificada ou estragada antes de chegar ao consumidor final. Por essa razão, todos os dias, toneladas de alimentos são depositadas em lixões, emitindo enormes quantidades metano ao meio ambiente. Nos Estados Unidos, por exemplo, 25% das emissões do gás devem-se à decomposição de insumos alimentícios que são descartados.
Novamente, a tecnologia pode ser aplicada nesse contexto para mitigar a pegada ambiental, com impacto positivo direto no ar atmosférico e nas sociedades, sobretudo aquelas que ainda sofrem com a fome em massa. O monitoramento e o controle da temperatura dos caminhões de transporte podem facilmente ajustar as melhores condições para a conservação dos alimentos. Além disso, o acompanhamento em tempo real das cargas permite rastreá-las e detectar com agilidade qualquer acidente ou roubo que, porventura, aconteça.
IoT e sustentabilidade: um mercado de trilhões
É importante destacar ainda que a aplicação sustentável da tecnologia não apenas traz os resultados ambientais e sociais acima mencionados, mas também impacta financeiramente a economia global. Afinal, desenvolvimento sustentável não se refere à uma trade-off entre lucros e meio ambiente, muito pelo contrário.
A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento afirmou que, até 2030, mais de 26 trilhões de dólares serão gerados globalmente, apenas em razão dos investimentos em tecnologias sustentáveis. A McKinsey, por sua vez, acredita que o impacto da IoT no mundo, até 2025, gerará 11 trilhões de dólares.
Fica claro, assim, que o engajamento das empresas e governos com a inovação, associando-a às causas socioambientais, consolidará ainda mais a sinergia entre IoT e sustentabilidade, gerando renda e desenvolvimento, enquanto reduz a pegada ambiental.
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