Com o Plano Nacional de IoT instituído, qual a expectativa para o agronegócio?

O Plano Nacional de Internet das Coisas, instituído em julho do ano passado, posiciona a agricultura como destaque ao lado de outras três verticais: saúde, cidades e indústrias. As novas diretrizes estratégicas para a IoT no campo brasileiro são fundamentais para alavancar a transformação digital das fazendas e elevar ainda mais a produtividade.

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Investimentos em IoT crescem no Brasil

Até 2025, a IoT deve acrescentar de 34 a 132 bilhões de dólares à nossa economia e, segundo o BNDES, quatro principais áreas serão responsáveis por ativar esses investimentos, exatamente as mesmas que o Plano Nacional de IoT prioriza em seu texto (cidades, indústria, saúde e agricultura).

Segundo a última publicação do IoT Barometer, da Vodafone, cerca de 34% das empresas já aplicam a Internet das Coisas em suas rotinas processuais. Em relação aos 12 meses anteriores à pesquisa, 84% dos que adotam a tecnologia mostram-se mais confiantes quanto aos resultados esperados com as inovações aplicadas, como a otimização de processos e a redução de custos operacionais.

Na agropecuária, especificamente, o otimismo com a inovação é ainda mais visível. O setor tem se mostrado bastante resiliente às últimas crises (econômicas e sanitárias), de tal modo que consegue direcionar uma maior soma de dinheiro a novas tecnologias. Mas para que seja possível extrair todo o potencial da transformação digital no campo ainda é preciso superar alguns desafios estruturais.

Brasil: o país do Agro

É inegável a importância do agronegócio para a economia brasileira. Somos o segundo país maior exportador de alimentos do mundo (atrás apenas dos Estados Unidos). As exportações atingiram recorde no acumulado de janeiro a maio deste ano (US$ 42 bilhões), um crescimento de 7,9% em relação ao mesmo período de 2019, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Em um cenário de constante crescimento e competitividade, as aplicações da IoT no campo tornam-se ainda mais fundamentais para alavancar a produtividade. O acompanhamento de condições climáticas, aumento na eficiência de maquinário, manutenção preditiva, irrigação inteligente, rastreamento logístico e otimização no uso de insumos são apenas algumas delas.

Plano Nacional IoT - Agro
Possibilidades de IoT no Agro (Fonte: consórcio McKinsey/Fundação CPqD/ Pereira Neto Macedo)

A tecnologia no ambiente rural está diretamente ligada à redução de custos e ao aumento de competitividade dos produtos brasileiros frente ao mercado internacional. Um estudo do McKinsey Global Institute apontou que o campo brasileiro pode experimentar impacto positivo de até 21.1 bilhões de dólares com projetos de transformação digital, até 2025.

Transformação digital no campo é democrática

São várias as pesquisas que apontam o grande potencial agrícola brasileiro partindo, sobretudo, de esforços de pequenos e médios produtores. Eles representam cerca de 78,1% do total de agropecuaristas brasileiros, de acordo com dados do IBGE.

Diante desse cenário, as cooperativas agrícolas desempenham um papel fundamental como promotoras da inovação no ambiente rural. Por concentrarem tecnologia de ponta, elas fomentam o desenvolvimento difundindo-o aos cooperados com bastante agilidade e eficiência. Desse modo, os pequenos agricultores, que teriam problemas em assimilar novos investimentos tecnológicos, conseguem acessá-los com muito mais facilidade.

Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) verificou que o impacto das novas tecnologias de IoT em propriedades familiares eleva consideravelmente a produtividade. A automatização de processos e a mecanização de rotinas agrícolas são as grandes responsáveis por esses ganhos.

Esse estudo ainda apontou que as propriedades mais modernas alcançam o dobro de desempenho comparado àquelas com baixa adoção tecnológica (em um cenário de renda positiva, ou seja, quando a renda é maior que os custos). Em realidades de renda negativa, por sua vez, essa diferença chega a atingir 400% de ganhos por hectare.

Plano Nacional de IoT: barreiras estruturais do campo

Embora o panorama do agronegócio brasileiro seja bastante promissor, há ainda importantes barreiras estruturais a serem superadas. A boa notícia é que muitas delas podem ser vencidas com tecnologia.

Em comparação a outras realidades mudo afora, a produção brasileira ainda mostra-se muito custosa. Estamos, por exemplo, em quarto lugar no ranking mundial de maiores consumidores de defensivos agrícolas por hectare – utilizamos o dobro da quantidade dos canadenses. Além disso, apenas no mercado lácteo, temos uma eficiência 2,5 vezes menor que a norte-americana e 6 vezes menor que a de Israel, um país cercado por desertos e condições adversas.

Justamente para combater essa discrepância, e melhor aproveitar as características positivas do território brasileiro, as novas tecnologias de IoT mostram-se tão fundamentais. Quando bem orquestradas junto à iniciativa público-privada, elas viabilizam a remodelação de aspectos estruturais de nosso ambiente rural, corrigindo desvios históricos que ainda comprometem a eficiência produtiva.

Principais desafios do agronegócio brasileiro

Estudos prévios ao Plano Nacional de IoT mapearam os principais entraves ao agronegócio brasileiro. Entre eles, destacam-se:

  • Logística e armazenamento ineficientes
  • Baixa profissionalização do trabalhador rural
  • Infraestrutura deficitária de conectividade

No Brasil, quase 50% dos gastos com alimentos vem dos custos de transporte. Isso se deve às péssimas condições de nossas rodovias e, sobretudo, ao modelo desenvolvimentista que não fomentou outros meios alternativos, como as ferrovias. Apenas para efeitos de comparação, dados do US Department of Agriculture (USDA) mostram que esse valor é muito menor nos Estados Unidos – apenas 11%.

A baixa qualificação profissional na área rural é um outro importante problema a ser superado. Dados do IPEA apontam que a maioria dos trabalhadores do campo tem apenas quatro anos de formação escolar. Diante desse panorama, a entrada de novas tecnologias torna-se mais desafiadora em razão da necessidade de profissionais especializados para manipulá-las.

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Quebrar as barreiras de conectividade também é imprescindível para destravar todo o enorme potencial tecnológico no campo. Sem infraestrutura básica, o desempenho dos projetos de IoT fica comprometido, sobretudo aqueles ligados à agricultura de precisão e ao processamento de dados em tempo real. Atualmente, apenas 1/3 dos agricultores brasileiros beneficiam-se do acesso à internet, segundo o IBGE.

Felizmente, porém, novos horizontes estão se abrindo com o desenvolvimento de soluções inteligentes capazes de superar as barreiras de conectividade. A V2COM investe pesadamente em soluções de conectividade, de tal forma que até mesmo em áreas remotas e com relevo acidentado é possível tratar os dados captados dos processos agrícolas com o máximo de eficiência e agilidade.

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