Sensoriamento de IoT: fazendas mais eficientes e sustentáveis

Sensoriamento de IoT: fazendas mais eficientes e sustentáveis

Nos próximos 30 anos, a população mundial deverá crescer em 2.2 bilhões de habitantes. Ao todo, seremos 9.8 bilhões de pessoas dividindo necessidades básicas como habitação, energia e, principalmente, alimentação.

Para suprir esse impactante acréscimo de demanda, e tendo-se em conta a intensificação dos movimentos globais em prol da sustentabilidade, a agropecuária precisará produzir mais com menos: menos terras cultiváveis, menos fertilizantes, menos consumo de água e menos emissão de gases do efeito estufa.

Anos atrás, esse desafio parecia intransponível. Mas hoje, com o rápido desenvolvimento de novas tecnologias, como o sensoriamento de IoT e sua vasta aplicação no campo, é plenamente factível projetarmos um mundo onde a oferta de alimentos seja suficiente para suprir as necessidades de quase 10 bilhões de pessoas, sem a sobrecarga do meio ambiente e de seus recursos finitos.

Sensoriamento de IoT em vacas leiteiras

Ao redor do mundo, diversas linhas de pesquisa unem o conhecimento científico da academia e a experiência tecnológica e de mercado das empresas para desenvolver soluções capazes de tornar a rotina agropecuária cada vez mais inteligente, sustentável e eficiente.

Na Europa, por exemplo, o projeto Internet of Food and Farm 2020 tem divulgado resultados bastante interessantes a partir do sensoriamento do gado de leite.

Em um experimento que envolve quatro países europeus – Dinamarca, Letônia, Lituânia e Alemanha -, cerca de 2.200 vacas leiteiras estão sendo monitoradas com tecnologia de IoT, a partir de dados provenientes de rastreadores auriculares com identificação por radiofrequência sem fio.

Com o auxílio de alimentadores robóticos, a tecnologia permite identificar a rotina de alimentação de cada uma das vacas, avaliando, inclusive, a quantidade exata de suplementação de minerais que os animais ingerem diariamente. Essa suplementação impacta diretamente a saúde do gado, sua capacidade de procriação e, claro, a qualidade do leite produzido.

Resultados preliminares da pesquisa apontam que os esforços tecnológicos têm sido acompanhados por importantes progressos. A produção de leite nos rebanhos rastreados aumentou em 1% e a qualidade subiu em 20%. Ao mesmo tempo, o número de animais doentes diminuiu 6 % e o abate de vacas doentes reduziu em quase 25%.

Irrigação inteligente reduz o desperdício de água no campo

De acordo com a FAO e a ONU, a agricultura é o setor responsável por consumir a maior quantidade de água no mundo, utilizando uma média de 70% de todo o recurso. Em paralelo, o setor é o que ainda mais desperdiça água: quase 50% são perdidos no processo produtivo.

De acordo com o Censo Agropecuário de 2017 do IBGE, cerca de sete milhões de hectares são irrigados no Brasil, o que representa um aumento de mais de 50% em comparação com os dados de 2006. Estima-se que sejam necessários aproximadamente 1000-3000 m³ de água para cada tonelada de grãos colhidos, ou ainda, 1285 litros para cada quilo de soja produzido.

Sensoriamento de IoT: consumo de água por setor

O sensoriamento de IoT é uma tecnologia fundamental para tornar a produção agrícola mais sustentável. Ela é um dos eixos centrais da irrigação de precisão, que se diferencia do método tradicional por trabalhar com a variação espacial e temporal da lâmina de água, ao invés de uma lâmina uniforme para toda a área.

Para tanto, a tecnologia leva em consideração a umidade do solo, as condições climáticas e as exigências de cada tipo de plantio. Assim, apenas as regiões mais secas da fazenda terão os sistemas de irrigação acionados, o que representa uma economia imensa de recursos hídricos.

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Segundo a empresa de pesquisa MarketsandMarkets,  o mercado global de irrigação inteligente foi avaliado em US$ 0,83 bilhão, em 2018, e deve chegar a US$ 1,76 bilhão até 2023, a um CAGR de 16,30%. O continente americano é protagonista nesse tipo de solução, com quase 50% do mercado global, concentrados sobretudo nos Estados Unidos, Canadá e Brasil.


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