Como custos mais baixos podem escalar (ainda mais) a Internet das Coisas?

Segundo a consultoria americana, Bain & Company, os gastos globais com Internet das Coisas devem alcançar US$ 520 bilhões, até 2021. A McKinsey, por sua vez, está ainda mais entusiasmada: acredita num impacto econômico de até US$ 11,1 trilhões por ano, até 2025. Os números são bastante expressivos e provam, mais uma vez, que a Internet das Coisas é muito mais que uma tendência: é realidade imprescindível para o sucesso dos negócios.

Entre as diversas razões que impactam positivamente a escalabilidade dos projetos de IoT, a redução nos custos para o desenvolvimento e a implementação das tecnologias certamente ganham destaque ano após ano. Um dos grandes nomes da ciência da computação, o cientista John McCallum, analisou dados históricos para entender como tem sido o ritmo dessa queda, e os achados foram publicados pela revista The Economist:

IoT The Economist

Pelo gráfico, é possível perceber que, em 1956, 1 megabyte de armazenamento custaria cerca de US$ 9.200 (o equivalente a US$ 85.000, em valor presente), montante que inviabilizaria praticamente qualquer projeto de tecnologia. O grande destaque, entretanto, está na rapidez com que os preços declinaram ao longo das décadas, chegando a apenas US$ 0,00002, em 2019.

Mas não apenas o custo por MB caiu ao longo do tempo: os custos operacionais também vêm apresentando uma importante redução. Segundo dados publicados por Jonathan Koomey, da Universidade de Stanford, a quantidade de dados que pode ser processada com o gasto de apenas 1 kWh cresceu cerca de 100 bilhões de vezes, entre 1950 e 2010. Isso significa dizer que até mesmo o mais simples e barato dos chips atuais consegue desempenhar muito melhor que o mais avançado dos computadores da década de 70.

Um outro importante dado que favorece diretamente a escalabilidade dos projetos de IoT refere-se ao preço dos sensores. Dados do banco Goldman Sachs, por exemplo, mostram que o custo médio caiu de US$ 1,30 para US$ 0,60, entre 2004 e 2014, tendência que se verificou nos últimos 5 anos.

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Em relação aos custos de telecomunicação, percebemos uma redução muito menos acelerada. Mesmo assim, eles são bem inferiores ao que era praticado há algumas décadas. Hoje, as velocidades de conexão de dezenas de megabits por segundo podem ser obtidas por apenas algumas dezenas de dólares ao mês.

Em recente publicação, a Forbes analisou como estão os custos com internet ao redor do mundo. A gigante Índia aparece como o país mais barato para uso de um gigabyte, com valor médio de apenas US$ 0,26. O Quirguistão ficou em 2o lugar, com US$ 0,27, enquanto o Cazaquistão completou o Top 3 com US$ 0,49.

No Brasil, este valor sobe para US$ 3,50 (quase 14 vezes mais caro que na Índia) e no Zimbábue, último da lista, o custo de um gigabyte chega a alcançar inacreditáveis US$75,20!

Especialistas acreditam que, conforme o acesso à Internet se expandir pelo mundo, esses valores deverão ser cada vez menores. Dados da International Telecommunications, por exemplo, mostram que, em 2018, 51,2% da população mundial esteve conectada à rede, frente à apenas 23,1% em 2008.

Cenário brasileiro: impacto da desoneração da IoT

A desoneração da IoT é essencial para garantir a viabilidade e a escalabilidade de inúmeros projetos de Transformação Digital, que ainda sofrem com a complexa legislação tributária brasileira. Esse desajuste eleva o custo final das soluções, mesmo diante do natural barateamento de algumas tecnologias, advindo do incremento progressivo das inovações.

Essa oneração, de natureza meramente tributária, faz com que as conexões de pontos e o processo de digitalização como um todo não compensem, muitas vezes, o custo alternativo dos problemas para os quais as soluções de IoT são desenvolvidas.

Segundo o Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviços Móvel Celular e Pessoal — SindiTelebrasil —, a receita anual estimada por dispositivo de IoT é equivalente a R$12,00. Após a incidência de todos os tributos — encargos setoriais somados ao ICMS e outros impostos porventura devidos — calcula-se que a Receita Líquida por dispositivo é de R$ 2,29 negativos no primeiro ano de operações. Nos anos subsequentes, esse valor sobe para R$1,51, montante insuficiente para os investimentos necessários.

A desoneração da Internet das Coisas pode comprometer a arrecadação? 

Uma desoneração dessa dimensão seria plenamente compensada — e provavelmente superada — pelo incremento da arrecadação de outros tributos já vigentes, em razão da ampliação do volume de negócios que a iniciativa gerará. Isso porque com um maior número de terminais M2M, em razão de novos projetos criados frente à realidade fiscal proposta, certamente ocorrerá a alavancagem de toda a cadeia produtiva que envolve a Internet das Coisas.

Além disso, a expansão da Internet das Coisas não apenas trará um ganho fiscal ao Estado, mas especialmente o endereçamento mais assertivo de políticas públicas. Ao coletarem dados e analisá-los de forma inteligente, as soluções de IoT servirão como importantes diretrizes para que os governos, em suas mais diversas esferas, possam canalizar esforços aos setores que necessitem de ações mais urgentes.

Isso, claro, traz importantes impactos sociais, inclusive alavancando possibilidades em outras áreas que não apenas relacionadas à tecnologia.


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