Low Touch Economy avança na agricultura brasileira

Low Touch Economy é o termo utilizado para o fluxo de capital que não depende de contato entre os agentes da cadeia produtiva e desses com os consumidores finais. Esse modelo de negócio, que já vinha se expandindo nos últimos anos, voltou a ser destaque em razão da pandemia do novo Coronavírus.

Segundo Guy de Capdeville, diretor de P&D da Embrapa, e Nelson Ferreira, sócio-sênior da McKinsey, a agricultura brasileira está preparada para a Low Touch Economy. Os especialistas defendem que o setor é um dos que mais incorporaram a inovação nos últimos anos no país. Da colheita à distribuição, os processos estão cada vez mais automatizados e inteligentes, sobretudo com o advento de novas tecnologias de conectividade.

Na produção animal, esses avanços são ainda mais importantes, pois não apenas impactam positivamente a produtividade, mas também garantem níveis mais altos de segurança sanitária. A automação diminui a necessidade de contato físico entre seres humanos e animais, evitando a transmissão de uma série de doenças, muitas delas de rápida propagação, como as gripes suína e aviária.

Low Touch Economy: agricultura brasileira X norte-americana

Um estudo da McKinsey apontou que a agricultura brasileira está mais automatizada que a norte-americana. Nelson Ferreira explica que os agricultores brasileiros são mais receptivos a novas tecnologias, sendo que 36% deles já fazem uso de ferramentas digitais, enquanto entre os norte-americanos a porcentagem cai para apenas 24%.

Essa diferença pode ser justificada pelo perfil mais jovem entre os agricultores brasileiros. Em algumas culturas, como de algodão e grãos no Cerrado, 80% dos tomadores de decisão das fazendas estão abaixo dos 45 anos de idade.

O setor agropecuário mantém-se forte, mesmo diante dos desafios econômicos por que o Brasil passa, como a forte crise hídrica do ano passado e a pandemia. Segundo estimativa da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, a participação do agronegócio no PIB do país se aproxima de 28% em 2021 (os números oficiais ainda não foram liberados). E, para 2022, os especialistas esperam safra recorde na produção.

No Brasil, a transformação digital do campo caminha a todo vapor e tem impactado não só a eficiência produtiva das lavouras, mas também levado ao surgimento de novos modelos de negócios. O pequeno/médio agricultor conta hoje com diversas tecnologias financeiramente acessíveis que o ajudam a tomar decisões mais assertivas, administrar a fazenda e automatizar uma série de atividades do dia a dia.

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A cadeia de suprimento também se favorece da inovação, tornando-se progressivamente mais coesa e eficiente. Com dados disponibilizados em tempo real e novas tecnologias de conectividade, produtores, distribuidores e varejistas podem desenhar suas atividades e processos de maneira 100% compatível com as oscilações de demanda, evitando desperdícios e custos desnecessários.

Além disso, entre os agropecuaristas brasileiros há uma forte cultura de apoio à ciência e à inovação tecnológica. As fazendas são receptivas a novas possibilidades que agreguem valor e segurança à produção. Não à toa o Brasil é o terceiro maior exportador agrícola mundial, com crescimento consistente no mercado internacional ano após ano.


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