Transição energética: impacto positivo para além da esfera ambiental

O Grupo Enel, em parceria com a Deloitte, desenvolveu o estudo “Caminhos para a Transição Energética no Brasil” pelo qual pretende-se apontar cenários e recomendações para acelerar a transição energética no País, considerando os efeitos sociais e econômicos deste movimento.

A ideia é melhor compreender os passos que o Brasil deve dar para cumprir as metas firmadas no Acordo de Paris, entre as quais reduzir em 50% a emissão de gases do efeito estufa até 2030 e atingir a neutralidade de emissão até 2050.

O estudo, composto por três fases, aponta que as iniciativas de descarbonização trazem efeitos positivos que vão muito além da esfera ambiental. Um exemplo é a possibilidade de geração de cerca de 8 milhões de postos de trabalho até 2050, com crescimento líquido no PIB de 3% movido pelas ações de descarbonização e eletrificação.

Além disso, estima-se que a participação feminina na força produtiva do setor de energia cresceria de 22% para 32% no cenário net zero proposto pela pesquisa.

O estudo foi construído com base em dois cenários. O primeiro, de transição energética mais conservadora, mostra maiores níveis de emissões dos gases estufa até 2050. O segundo cenário, por sua vez, aponta uma realidade de emissão zero.

Pelo primeiro cenário, a capacidade instalada de energia renovável, em 2050, fica em 65% e 93% (sem e com hidrelétricas). Esse percentual sobe para 76% e 95% com a implementação de políticas mais enfáticas, características do segundo cenário.

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No que tange especificamente o processo de transmissão de energia, o estudo aponta a necessidade de grandes investimentos em novas linhas, com aporte podendo alcançar até 178 bilhões de dólares até 2050. Segundo o relatório publicado:

“Embora a eletrificação dos usos finais aumente 29% nos dois panoramas avaliados pelo estudo, a necessidade de investimento em redes aumenta apenas 7,2% do cenário mais conversador para o net zero. Isso acontece, principalmente, devido ao aumento do uso de baterias como fonte de armazenamento de energia verde, além do incremento da geração distribuída, que demanda menos investimentos em linhas de transmissão em relação à grandes usinas.”

Todo esse movimento de transição energética é de fundamental importância para combater o processo de mudanças climáticas que vem atingindo o mundo de diferentes maneiras.

No Brasil, em particular, temos observado grandes alterações no fluxo de chuvas, com períodos de inundações e de secas, além do agravamento de incêndios florestais espontâneos e aumento no nível do mar. Tudo isso gera vultosos desperdícios em diversos segmentos produtivos, com impacto negativo direto no dia a dia das pessoas.