Modernização do setor elétrico: tecnologia pela geração distribuída de energia
Com forte agravamento nos últimos anos, as mudanças climáticas estão trazendo eventos cada vez mais nocivos para a sociedade. Longos períodos de seca e o crescente risco de apagões passaram a fazer parte da rotina de diversos países, incluindo o Brasil.
Tudo isso, claro, impacta diretamente a produção e a distribuição de energia. E esse é um dos principais motivos pelo qual a modernização do setor elétrico é um tema de fundamental importância para o país.
Apesar de termos uma das matrizes energéticas mais diversificadas e limpas do mundo, a crescente pressão oriunda do aumento de demanda por energia impõe novas maneiras de se conduzir a operacionalização do setor elétrico, de tal modo a alavancar a resiliência das redes de transmissão e distribuição.
Para tanto, é fundamental que os sistemas tornem-se mais flexíveis e inteligentes, acolhendo as típicas flutuações da produção de energia oriunda de fontes limpas, sobretudo as de natureza solar e eólica, em rápido crescimento no país.
O papel das Smart Grids na modernização do setor elétrico
Por serem produzidas a partir de fontes de mais difícil controle, as energias eólica e solar necessitam de mecanismos capazes de alavancar o seu máximo aproveitamento em momentos de abundância, mas também devem ser resilientes o suficiente para garantir estabilidade nos momentos de menor geração.
Todo esse amplo dinamismo, característico dos sistemas distribuídos, só pode ser viabilizado através da propagação das redes inteligentes de energia ao longo do país.
As Smart Grids são a grande aposta para conferir mais inteligência à produção, distribuição e consumo de energia. Com uma nova arquitetura de rede, integrando ações de todos os usuários a ela conectados, as redes inteligentes aplicam tecnologia de ponta, como a Internet das Coisas (IoT), e permitem a transmissão e a distribuição de energia de forma descentralizada, com base em informações em tempo real ao longo de toda a cadeia.
Por essa formatação multidirecional, com fluxos e integrações mais complexas, empresas e residências podem produzir agora sua própria eletricidade a partir de fontes renováveis, alavancando a descarbonização das redes, por sinal, uma das ações mais urgentes para o setor, em sintonia com o movimento que cresce mundo afora.
Mas como a tecnologia viabiliza a geração distribuída?
Pela geração distribuída, o excedente produzido é injetado na rede da distribuidora local e se torna um crédito financeiro para o proprietário do sistema. Assim, se uma família fizer uso de painéis solares, por exemplo, e consumir menos energia do que produz, ela poderá armazenar (e até mesmo vender) o excedente por meio das Smart Grids conectadas à rede elétrica.
Para tanto, é fundamental aplicar tecnologia especialmente na ponta da operação, capaz de mensurar, em tempo real, o que está sendo consumido, o que está sendo produzido, o sentido do fluxo de energia e integrar todos os dados gerados nessa cadeia para que seja possível efetuar o controle e a gestão do sistema.
Essa tarefa é executada a partir de um verdadeiro arsenal de dispositivos inteligentes e sistemas robustos que, viabilizados através do que há de mais moderno em conectividade avançada, permitem a coleta, transmissão e o processamento de dados provenientes do sistema elétrico.
Esses dados são os responsáveis por garantir o gerenciamento remoto das mais diversas etapas que compõem todo o ecossistema de geração, transmissão e distribuição de energia, viabilizando, inclusive, o acionamento de respostas automatizadas e inteligentes, em perfeita sintonia com o dinamismo do sistema.
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No Brasil, embora ainda haja um longo caminho a ser percorrido em direção à aplicação massiva de tecnologia nos sistemas de energia elétrica, esse movimento vem crescendo a passos largos. Já são mais de 9 GW de potência instalada, um aumento de 316% nos últimos dois anos, o que representa cerca de 5% de toda a capacidade instalada atual de geração de energia elétrica do país.