Indústria 4.0: dados atualizados sobre o cenário brasileiro

A atual fase de alavancagem por que passa a Indústria 4.0 global está fortemente associada aos conceitos de Internet das Coisas (IoT), Big Data e Inteligência Artificial. Juntas, as tecnologias escalam o potencial produtivo das manufaturas em tempo recorde, criando uma realidade operacional jamais verificada na história.

Indústria 4.0 - linha do tempo

Especificamente no Brasil, a Indústria 4.0 tem apresentado importante expansão nos últimos anos. Novas tecnologias remodelaram a dinâmica de trabalho das linhas de operação, com efeito imediato sobre toda a cadeia produtiva. Mesmo assim, ainda nota-se que o grau de maturidade da digitalização produtiva é bastante variável no país, a depender do segmento industrial analisado.

Panorama geral da Indústria Brasileira

Um estudo realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontou que dos 24 setores industriais do Brasil, 14 estão atrasados na adoção de tecnologias digitais. Segundo o IBGE, esse grupo é responsável por cerca de 40% de toda produção industrial do país, ou seja, quase metade de tudo o que a indústria brasileira produz ainda não é impactada pelas tecnologias 4.0.

O Brasil é marcado por um forte desequilíbrio quando analisado o nível de maturidade digital dentro do setor industrial. A indústria farmacêutica, automobilística e de alimentos e bebidas, por exemplo, estão entre as que tem absorvido mais inovação nos últimos anos. A desigualdade também se expande segundo outros critérios, como tamanho da empresa (as menores tendem a ser menos automatizadas) e distribuição regional.

Mesmo assim, o setor, como um todo, representa 21,4% do PIB do Brasil, responde por 69,2% das exportações de bens e serviços, por 69,2% do investimento empresarial em pesquisa e desenvolvimento e por 33% dos tributos federais (exceto receitas previdenciárias), segundo dados da CNI. Para cada R$ 1,00 produzido na Indústria, são gerados R$ 2,40 na economia como um todo. Nos demais setores, o valor gerado é menor: R$ 1,66 na agricultura e R$ 1,49 no comércio e serviços.

Portal da Indústria
Fonte: CNI

Ainda nesse sentindo, o Índice Global de Inovação de 2020  colocou o Brasil em 62º lugar entre 131 países analisados, subindo 4 posições em relação ao ano anterior. O estudo — publicado anualmente pela Universidade Cornell, pelo INSEAD e pela OMPI — leva em consideração dados como investimento em P&D, níveis de educação, incremento de produtividade e exportação de produtos de alta tecnologia.

Dentro da região latino-americana, o país ficou na 4ª colocação, atrás do Chile (54º), México (55º) e Costa Rica (56º). Mas, embora a melhora do Brasil em relação a 2019 deva-se à evolução em alguns indicadores que compõem o ranking, é preciso considerar que outros países apresentaram queda no desempenho, dando espaço para uma classificação brasileira mais elevada.

Um ponto de destaque quando falamos em inovação no Brasil está ligado ao desenvolvimento de patentes. O país ocupa a primeira posição na América Latina e, ao lado de Chile e Uruguai, segue produzindo altos níveis de artigos científicos e técnicos.

Índice Global de Inovação
Fonte: Portal da Indústria

A importância de estatísticas como essas está justamente em comparar o desempenho do Brasil com o restante do mundo e, principalmente, fornecer diretrizes para políticas desenvolvimentistas e áreas que necessitem de maiores investimentos.

IoT: incorporação gradual com impactos escaláveis

A incorporação de novas tecnologias no ambiente industrial brasileiro não é um processo simples. Os desafios expandem-se em algumas frentes, como:

  • Limitações orçamentárias
  • Mudança de cultura frente à incorporação de novas tecnologias
  • Incertezas quanto aos impactos causados pela inovação
  • Mão-de-obra pouco qualificada
  • Baixa infraestrutura de conectividade

Mesmo diante desses desafios, a reestruturação que a Indústria 4.0 demanda atualmente é muito menos radical do em momentos de alavancagem tecnológica por que já passamos.

Nas décadas anteriores, por exemplo, foi mandatória a substituição física do maquinário legado para a adequada incorporação das novas tecnologias que surgiam. Hoje, ao contrário, a integração entre hardwares e softwares inteligentes permite um elevado grau de adaptabilidade a diversos ambientes, sem a necessidade imediata de substituição do parque industrial.

Com a expansão da Internet das Coisas (IoT) é possível incorporar sensores e sistemas legados com bastante facilidade, mesmo diante de equipamentos que já estejam em operação.

Por sinal, a queda no preço dos sensores de IoT, bem como o incremento na oferta de novas tecnologias de rede e conectividade, são dois fatores importantes para explicar o aumento dos projetos de Internet das Coisas entre as manufaturas. Ao buscarem ingressar no universo da Indústria 4.0, essas empresas estão descobrindo possibilidades ilimitadas para elevar a eficiência dos processos produtivos, além de uma formatação inédita ao longo de toda a cadeia de valor na qual estão inseridas.

 

preço médio dos sensores de IoT
Fonte: Microsoft

Mais do que isso, o uso da IoT tem possibilitado até mesmo novos modelos de negócios. Um deles, o Product as a Service (PaaS), permite que as fábricas, no lugar de investirem pesadamente na aquisição de um equipamento caro, possam pagar apenas por um determinado número de vezes em que farão uso dele, algo semelhante a um contrato de leasing.

Esse formato só é viável graças à aplicação dos sensores de IoT, que conseguem mensurar em tempo real o padrão de uso das máquinas, de tal forma a garantir a precificação exata. Essa nova dinâmica também tem sido cada vez mais empregada com os robôs, dando origem a expressão “Robotics as a Service” – RaaS.

A comunicação entre fabricantes e fornecedores também está sendo incrementada com as novas tecnologias. Ao otimizar máquinas inteligentes com o uso de sensores de IoT, as manufaturas estão experimentando uma dinâmica de manutenção preditiva jamais vista.

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Os fornecedores de peças de reposição podem acompanhar em tempo real o desempenho das máquinas e obter relatórios inteligentes de performance, que indicam o momento certo para que os ajustes sejam feitos antes de qualquer dano.


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